terça-feira, 23 de outubro de 2007

Carne e Terra



Carne e Terra

"Minhas fotografias de carne e terra são resultados de pesquisa sobre os minerais da região amazônica. Há tempos trabalho com esta temática sobre vários aspectos, mas a pouco tempo faço a relação entre o mineral e o orgânico, pois para mim são a mesma matéria em momentos físicos e químicos diferentes. A terra e a carne também têm um significado, são signos de religiosidade e também são elementos que buscamos por toda nossa vida, e depois da morte nossa materialidade alimenta a terra que alimenta a carne. Bom, é mais ou menos este o meu pensamento; então minha pesquisa se baseia no espaço que observo ao meu entorno e da relação do homem com esse espaço."

Berna Reale
Notícia

Coleção de Berna Reale tem renda revertida ao Criança Vida

Uma noite de moda e solidariedade. Assim deve ser o desfile da nova coleção de adornos e colares da artista plástica Berna Reale, na Galeria da Residência, hoje, a partir das 20 horas. Serão apresentadas cerca de 100 peças, todas produzidas através de modelagem manual de cerâmica e alumínio. A renda arrecadada na bilheteria do evento e parte do dinheiro da venda das peças será destinada ao Projeto Criança Vida, da Fundação Romulo Maiorana.

Esta é a segunda coleção criada por Berna - a primeira foi em 2003 - e ela destaca como grande novidade do trabalho o uso do metal para fim estético. Eu já trabalho com argila há onze anos, mas é a primeira vez que mexo com alumínio e achei o resultado bem interessante. Ele é leve e tem a vantagem de parecer com a prata. Ainda não vi ninguém por aqui trabalhar com o alumínio como material final, ainda mais para esse fim, diz a artista.

Quem for conferir o desfile, verá peças que misturam os dois materiais, em cores que passam pelo preto, cinza, bege, vermelho e branco. Cada detalhe dos colares e adornos é feito à mão para depois ser levado ao forno, explica Berna. Isso torna impossível de eu fazer dois colares iguais, porque tudo influencia nesse processo. Dependendo da temperatura do forno, eu obtenho tonalidades diferentes, consistências diversas, impossíveis de serem copiadas.

O trabalho com alumínio é resultado de um grande estudo sobre minérios iniciados por Berna. No meio da pesquisa eu descobri que a alumina vinha da bauxita, e aí iniciei um trabalho experimental com o metal que acabou dando certo, lembra. Nesta coleção, a artista contou com uma equipe de seis pessoas, entre eles dois fundidores de metal. Eu conheci o Paulo Ataíde e o Plínio Castro, que faziam peças para colocar em lápides de sepulturas, e eles nunca tinha tido nenhum contato com Moda, nesse sentido. Mostrei meu projeto pra eles e, de cara, eles não toparam, mas depois resolveram aceitar.

Berna enfatiza importância de ajudar o Criança Vida

Segundo Berna Reale, a preocupação com o lado social é uma constante quando o assunto é a participação em eventos. Quando fiz o lançamento da primeira coleção, também foi durante um evento beneficente em prol do Projeto Criança Vida, e soube depois que a renda obtida deu um piso novo para uma creche. Acho que ajudar, olhar o outro, tentar ajudar, é muito importante e, no mês de dezembro, as pessoas parecem mais aptas a fazer isso, argumenta a artista. Aliás, as pessoas tendem a misturar moda e eventos beneficentes, acho que é pelo fato de que, geralmente, as pessoas que freqüentam esses eventos são mais bem favorecidas em termos financeiros. Então, nada mais justo do que uma ajuda daqueles que têm mais para aqueles que têm menos.

A demora para lançar uma nova coleção tem uma explicação bastante pertinente: a busca pela novidade. O meu trabalho em cerâmica eu já havia apresentado, então para uma nova coleção, eu precisava lançar algo realmente novo. Isto é, eu penso que, em respeito para com o público, que reserva tempo para ir ver as minhas obras, gasta comprando-as, merece ver algo que ainda não tenha visto. Nesse ramo, isso não pode ser uma coisa gratuita, ficar mostrando a mesma coisa não é legal, esclarece.

O trabalho de criação de bijuterias começou há cerca de quatro anos, quando Berna buscava uma solução mais comercial para conseguir manter o trabalho de artista plástica. Sou uma artista visual, trabalho muito com instalações e arte pública, ou seja, coisas que não se vende. Então eu precisava de um meio para manter essa atividade. Posso dizer que as bijuterias são um trabalho mais comercial, enquanto o outro seria mais conceitual, explica.

Para iniciar a confecção das peças, Berna fez uma pesquisa sobre o uso de cerâmica em adornos, coisa que quase não era feita nesse tipo de produção. Em São Paulo mesmo eu procurava, nessas lojas que vendem peças para montar colares e outras coisas, e o pouco que eu achava era igual em todos lugares, não havia uma produção diferenciada. Quando comecei a fazer as bijuterias, senti uma certa resistência do público, que achava que a cerâmica é muito frágil. Mas eu digo que o que deve ser valorizado numa peça dessa é o trabalho e a beleza, que não se encontra em outros materias. Cuidado e zelo toda bijuteria exige, dispara.

O estudo sobre minérios, Berna garante, não pára por aí. Eu descobri muita coisa, isso foi apenas o início. Acho que o mais gratificante foi ver muitas misturas que me agradaram em termos estéticos, e que posso usar posteriormente em outras peças e coleções. Claro que para trabalhar com um material desses há uma série de cuidados a serem tomados. Por exemplo, o atrito ou a queda podem danificar a peça, então aprendi técnicas de impermeabilização para evitar o futuro desgaste do adorno, explica a artista plástica.

Serviço-Berna Reale Coleção 2007 - desfile dos novos colares e adornos da artista plástica Berna Reale. Hoje, às 20 horas, na Galeria da Residência (Pe. Eutíquio, em frente à Praça Batista Campos). O ingresso custa R$ 25 e toda a renda da bilheteria será revertida para o Projeto Criança Vida, da Fundação Romulo Maiorana. Parte do dinheiro da venda das peças também será repassada ao projeto. Apoio: DJ Vinícius Nape, Estúdio Viana Print, Márcia Lima Arquitetura e Paisagismo, Ná Figueiredo, Restaurante Lá em casa, Salão Diana Figueiredo e Sol Informática.

Fonte: Portal ORM, com informações de O Liberal.

Há dois anos, as lentes de Berna Reale voltam-se para o corpo humano. Mais precisamente para o lado de dentro da estrutura física dos homens. A intensa busca pela beleza interna das pessoas realizada pela fotógrafa está entre as produções convidadas para o 25º ano do Salão Arte Pará 2007. Na data de abertura do evento, marcada para o próximo dia 11, Berna apresentará os cartões postais criados a partir de seu olhar.

Em cada bilhete postal, será impressa uma imagem artística do coração da fotógrafa, tirada a partir de um exame de ressonância magnética. 'O produto será o cartão, com uma fotografia do meu coração e a frase ‘Onde está meu coração?’ traduzida para oito línguas do Ocidente e Oriente', explica Berna. A idéia, segundo a artista, é criar a relação entre a figura e sentimentos, além de remeter a diversos significados. 'As pessoas interpretam essa frase como querem. Um médico entende de uma forma, um artista de outra e assim por diante', diz.

O estilo visceral da artista já foi mais agudo. Berna começou a tirar fotos de pessoas mortas dentro do Instituto Médico Legal e, de lá pra cá, mudou o foco das lentes mas não largou o lado conceitual de suas imagens. Paulo Herkenhoff, curador do Arte Pará, aproveitou o estilo da fotógrafa e a convidou para a edição deste ano com algumas mudanças. 'Quando o Paulo me convidou para participar, sugeri que fizéssemos fotografias do meu próprio corpo. Aí ele topou', conta.

Para Berna, a fase mais traumática do trabalho foi o exame. 'Foi preciso tomar um contraste e aquela injeção que tomamos dá um calor insuportável. Nunca tinha feito um exame em que eu seria fotografada por um computador', conta. Para fazer as fotografias do exame, a artista contou com o apoio dos médicos Marcos Serique e Fernando Caveiro. 'Muitos se negaram a solicitar o exame porque não entendiam que a arte precisava disso', diz. As imagens serão aproveitadas para uma exposição marcada o ano que vem, na Alemanha.

Os cartões estão em fase final, mas Berna ainda precisa de ajuda para traduzir a frase para o chinês, grego e turco. 'A idéia de colocar em oito língua é bem simples. Os cartões serão enviados para outros países, então, devem levar a frase devidamente traduzida', explica. Berna Reale já conseguiu traduzir a frase para o hebraico, russo e japonês. 'Percorri sinagogas, fui no Conservatório de Música e na Associação Nipo-Brasileira'.